Pausas para uma foto
Créditos da imagem:
Um evento é composto de falas, palmas, pausas e fotos. Com as falas vêm as apresentações e as opiniões. De modo comportado normalmente acontecem as reuniões com objetivos particulares e específicos, em locais fechados e reservados, com temas monitorados. Com um respeito mutuo entre os participantes que podem estar atentos e envolvidos pelas palavras e decisões de uma mesa diretiva, todos coordenados por um cerimonialista, ou um presidente da mesa, um chairmam.
O primeiro argumento do homem, para declarar seus pensamentos e suas opiniões é a fala. As falas podem ser associadas a gestos, que suavizam ou enfatizam os argumentos. Daí surgiu os oradores e os trovadores, que com destrezas, declamaram com diversos tons de sua voz as suas opiniões. Os primeiros filósofos davam aulas em oratórias aos seus discípulos. Podiam caminhar pelas ruas observando o céu e a terra, as nuvens e os pássaros, as pessoas e a paisagem. Capturavam imagens com os olhos, e arquivavam na mente. O uso dos sentidos como primeiras estratégias de adquirir conhecimento.
Os que dominavam a estratégia das falas serviram de porta-vozes aos que não tinham a tonalidade da voz e argumentos para emitir as próprias opiniões. Por um tempo demonstrar um conhecimento era a capacidade de reunir ouvintes que se interessassem em ouvir histórias. Histórias fictícias, histórias de saberes e de viagens que relatavam visões e acontecimentos, aos que não foram na determinada viagem. A fala deixou de ser o principal avaliador do conhecimento com a criação e invenção da escrita. A escrita como perpetuação da fala. A capacidade de registrar e arquivar, desde as placas de argila e papiros à descoberta e uso do papel. Professores repetem o gesto de reunir alunos dispostos ao ouvir suas falas. Estudantes com seus cadernos e anotações, perpetuam as falas de seus professores. Os papeis impressos em livros, levam as ideias dos autores que não estão presentes na sala de aula. Os professores restringem-se a espaços fechados para citar conhecimentos herméticos. Poucos são os cursos que admitem trabalhos de campo. Só aos professores é permitido um caminhar pela sala. É com uma prova escrita que alunos criam uma prova de seus conhecimentos.
A questão protocolar das oportunidades para quem deseja proferir palavras em um evento, a um grupo reunido. Os celebrantes ou os cerimonialistas ficam atentos as inscrições para uma fala observando gestos na plateia. Simples gestos denunciam o desejo de falar. Ao levantar o braço, levantar uma mão, ou levantar um dedo discretamente. Um observador de gestos pode entender a força da fala, e a força do desejoso locutor, pela imposição do seu gesto, ou a discrição de seus movimentos e seu olhar. Ai ocorre uma decisão individual e exclusiva do cerimonialista, ou um presidente de mesa, que a plateia não pode perceber, já que estão olhando em direções contrarias. A decisão das prioridades da fala. Uma plateia repete os hábitos aprendidos na escola, um aceno ao olhar do professor, para uma solicitação de permitir suas palavras. O respeito ao professor e ao dirigente da reunião.
O critério protocolar é a ordem de solicitação, para criar a ordem de falação. Terminada a fala surgem as palmas em concordância e apoio a opinião do locutor, de suas ideias, palpites e opiniões. Em ambientes fechados raramente ocorrem vaias. Para acontecer vaias em um ambiente fechado é preciso que o locutor ofenda moralmente uma maioria posicionada.
Depois das falas, depois dos gestos, depois de encerramentos de falas, gestos e reuniões. Momentos para os flashes, a fotografia como perpetuação do momento. Um documento para a posteridade. Mostrar que estava presente naquele espaço, naquele momento, e com aquelas pessoas, falando sobre aquele determinado assunto. O assunto que consta da pauta da determinada reunião. E se estava ali presente é porque contribuiu com a evolução de um conhecimento, do tema em colocado em pauta. O homem enquanto ser animal busca a perpetuação da espécie, enquanto ser intelectual, busca a perpetuação das suas ideias.
Em 06/05/15
Roberto Cardoso
IHGRN/INRG Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia
Desenvolvedor de komunicologia.
Texto publicado em Kukukaya
http://virtualcul.dominiotemporario.com/kukukaya_maio_jun_2015/kukukaya_mai_jun_2015.html#p=68
Texto disponível em
http://www.publikador.com/cultura/maracaja/2015/05/pausas-para-uma-foto/
Outros textos:
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário