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Gastronomia de saberes
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Depois de comer churros e churrasco grego; pizza com escarola; provolone e gorgonzola, cuscuz molhado com temperos e sardinha. Comeu cascudo na frigideira. Partiu para um curso de cozinha.
Primeiro aprendeu misturar cravo da índia, com canela da china; açafrão da terra, conhecido como curcuma, com açafrão espanhol, conhecido como verdadeiro; boldo do chile com castanha do pará ou castanha brasileira; coco da bahia com trigo argentino. Pesquisou sálvia, salsa, salsão e salsinha; alho branco, roxo e alho poró; cebola e cebolinha; curry e caril. Piripiri e piriri. Na padaria aprendeu a fazer dos tipos francês, italiano, português e suiço. Conheceu aromas e sabores; chilli, de cheiro e dedo de moça, do reino, caiena e outras ardências. Misturou macaxeira, mandioca e aipim; jerimum e abóbora.
Mas reinam as dúvidas sobre seus desenrolos na cozinha. Não apresentou seu currículo de receitas criadas; se sabe escolher alimentos em uma feira ou supermercado. A dúvida se realmente prepara, tritura, assa e cozinha, ou se é especialista em estrogoroba, colocando creme de leite em qualquer gororoba. Pode ser especialista em salada de alface com azeitonas recheadas, bastando abrir um vidro ou lata. E sua especialidade maior, esquentar água, sem deixar queimar, cozinha e a chaleira.
E no estilo Chapeleira Maluca, entrou para um curso de pedagogia, na universidade. Administrando o tempo não universitário, com outros cursos paralelos: de musicalidade e oralidade. Buscando um aprendizado de instrumentos de cordas e idiomas. Fora da sala de aula e fora da faculdade, cria a própria universidade com conhecimentos universais, a arte, a música e a gastronomia. Nas horas vagas conta e inventa histórias, aprendeu o ofício com a mãe, que por sua vez aprendeu com Cascudo, que sabia como inventar histórias.
Cascudo o idolatrado, não tem defeito para os que o amam. Era estudioso e inteligente, e muito mais astuto do que se imagina. Conviveu com saraus na frente e atrás dos panos, do ensaio a apresentação. Nasceu em berço de ouro e em uma cidade privilegiada. Privilegiada por sua posição no Atlântico, onde chegaram caravelas, vapores e embarcações trazidas pelos ventos, com veículos de transportes aéreos e marítimos, que trouxeram notícias impressas e mentes pensantes. Navegações marítimas e aéreas. Recebia notícias fresquinhas em revistas e livros no porto e no aeroporto. Conhecia o apito do navio e do trem, e os roncos dos motores, E as dúvidas que ficavam em suas leituras, tirava por cartas, com cientistas e autores do outro lado do mundo. Na inexistência de internet, fez seus conhecimentos por cartas, que hoje estão arquivadas no seu HD póstumo, um banco de dados, o memorial de Câmara Cascudo. Mas lá encontramos apenas as respostas, já que não era hábito criar cópias de correspondências enviadas.
Cascudo também escreveu sobre gastronomia, citando hábitos e costumes do povo. O Memorial de Cascudo recebe um nome diferente, por falha do padre no seu batizado, Chamar Cascudo com seu prenome em latim: Ludovicus ao invés de Luiz. E agora a Chapeleira Maluca mistura conhecimentos diversos, a começar pela gastronomia de povos diversos. A Chapeleira Maluca batizada com um nome inventado, pela irmã mais velha. Na casa onde moram as intempéries. Chuva e Sol, com nuvens e trovoadas.
Ambos na mesma cidade, a Chapeleira e o Cascudo. E tal como Cascudo que viajava em locomotivas, dizendo que comia bananas assadas na chapa da locomotiva, e tomando água quente. As contadoras de histórias viajam de trem fazendo um bate e volta entre Natal e Ceará Mirim ou entre Natal e Parnamirim, contando histórias, com suas fantasias de datas comemorativas..
Roberto Cardoso (Maracajá)
RM & KRM
Em 16/03/2017
Entre Natal e Parnamirim
Entre Nova Amsterdã e Parnamirim Field